abril 12, 1997

Aborto, um problema moral


Muito se falou sobre o Aborto nestes últimos tempos, muito se disse sobre o direito á vida consagrado na constituição, mas poucos disseram o porquê da não aprovação da despenalização do Aborto .
Nestes últimos dias ouvimos mulheres, algumas com os mais altos cargos da Europa, sem qualquer pudôr afirmar frente ás camaras das televisões que são católicas e que já fizeram Abortos .
Nestes últimos dias os politicos, principalmente os homens, encararem o Aborto como uma situação normal, e ouvimos várias vezes de uma forma tão leviana mulheres vanglorizar-se e dizer : Eu abortei !
Será esta situação normal ? Os assuntos tem unicamente a importância que cada um lhes dá .
Não somos moralistas, não somos sequer a favor do Aborto talvez porque somos católicos, mas somos a favor da despenalização do Aborto .
E somos a favor da despenalização do aborto porque vivemos num País democrático, o aborto é um problema moral e da consciência de cada cidadão, se há liberdade de pensar e liberdade de votar e acreditar nas promessas que nos fazem, tem que haver liberdade de tomar posições com responsabilidade e em consciência .
Somos acérrimamente contra o referendo sobre o Aborto, não porque os Portugueses não sejam responsáveis, mas porque a Morte não se referenda .
Um refendo sobre a despenalização do Aborto é irreal, porque vivemos num País maioritáriamente católico, como tal contra o aborto, e com mais de metade da sua população com idade superior a cinquenta anos, pelo que já não tem influência na sua vida o problema do aborto .
Um refendo nestas condições está viciado á partida, não por falta de responsabilidae de todos nós, mas únicamente porque ninguém tem o direito de proibir alguém de julgar e tomar as suas deçisões em consciençia .
Sim, o Aborto é uma questão de consciência moral de cada mulher e de cada casal . Com que moral podemos condenar uma mulher que Aborte porque foi vitima de violação . É lógico que perante a lei esta mulher seja obrigada a gerar um filho que não foi consebido de livre vontade ?
E as mulheres portadoras de fetos com deficiências extremas, têm que padecer de um sofrimento desnecessário por toda a vida .
Será que este sofrimento é uma vontade divina ?
O Aborto foi, por razões únicamente médicas, alterado nos seus prazos de realização de 16 para 24 semanas nos casos de aborto "Eugénico e de má formação do feto" e de 12 para 16 semanas nos casos de aborto "Terapêutico ou de violação"
Mas só o médico poderá autorizar o Aborto nestes casos. E se ele não autorizar ? Será que esta aplicação da lei não é mais do que a privação de um dos direitos mais fundamentais de todo o cidadão decidir da sua própria vida sem a interferência de estranhos .
Durante mais quanto tempo vamos ver a hipócrisia deslocar-se ao estrangeiro para fazer abortos com toda a assistência e condições médicas enquanto em Portugal morrerão mulheres que por falta dos mesmo meios, continuarão a fazer abortos clandestinos sem quaisquer condições ou apoio médico .
O Aborto, acreditamos, é como uma violação que por vezes algumas mulheres são obrigadas a fazer, por razões económicas, por falta de informação sexual, por falta de planeamento familiar, mas ao faze-lo, fazem-no moral e consciêntemente.
Ninguém tem o direito de as condenar ou sequer de as criticar, "quem nunca pecou que lhes atire a primeira pedra ".
Pense, isso sim, o Estado em vez de se gastar milhões de contos em obras de fachada que não nos trazem qualquer beneficio, em investir na educação sexual e no Planeamento Familiar, e talvez o Aborto deixe de ser necessário .