janeiro 25, 2016

A ver se nos entendemos.

Património municipal pode ser qualquer construção arquitectónica, espaço ou conjunto existente no espaço urbano que, pelo seu interesse arquitectónico, histórico, cultural ou social, constitui um bem que deve ser protegido e promovido com vista à sua apropriação pela comunidade municipal.
A ideia intemporal de património municipal, no sentido de possuir e transmitir algo com valor às gerações futuras, ganha cada vez mais propriedades culturais. Património municipal é todo o conjunto de bens que pelas suas qualidades económica e artística caracteriza e individualiza cada lugar e cada cidade ou vila.
O valor memorial tem grande peso na definição de património a preservar, tornando-o tão alargado, genérico e democrático que comporta em si quer a obra erudita, quer a obra vernacular.
Hoje ao falarmos do património arquitectónico do concelho do Bombarral, num passeio rápido pelas diversas freguesias podemos observar um património imobiliário em ruinas que não é cuidado por ninguém, nem por proprietários nem pelo próprio município.
É urgente que o município mande proceder á demolição ou recuperação dos muitos edifícios em ruinas privados ou municipais nas freguesias e na vila ou então em alternativa que proceda ele próprio ao abate ou á recuperação apresentando á posteriori a factura aos legítimos proprietarios ou em alternativa expropriando os mesmos para vender e ressarcir assim o custo dessa manutenção.
Há que ter coragem para tomar as melhores decisões em prol da manutenção patrimonial deste concelho e da sua população.
Verificamos hoje que o município não tem uma política de defesa do património municipal.
Para não falar de casos passados, vejamos o recente caso da casa onde habitou o falecido “Dr. Joaquim de Albuquerque”: devia a câmara deixar demolir o edifício? Sim. Mas com a obrigatoriedade da nova construção manter as fachadas do mesmo, que datam de 1919/20, a exemplo de tantos outros casos no país, porque são um património deste concelho e em especial da vila. Mas para isso é preciso ter coragem e tomar decisões.
Este edifício como outros na vila: a casa do também falecido “Dr. Coimbra”, (na entrada norte da vila) a casa da antiga “sociedade de vinhos Sadias”, (junto á CP) a casa da antiga câmara municipal, (na rua da madalena), o solar senhorial, (antiga oficina junto ao teatro), alguns solares e casas senhorias que pululam pelas freguesias, etc, deviam e devem ser preservados.
A defesa e a valorização do património municipal são factores determinantes no processo de qualificação urbanística dos espaços urbanos, e rurais contribuindo para o desenvolvimento económico e cultural, revelando-se um veículo privilegiado de coesão social.
O Património urbano tem um papel fundamental e insubstituível na simbologia e na imagem das diferentes formas da vila.
Sabemos que muitos bens existem que merecem ser classificados como património municipal, não houve porém ainda a coragem de o fazer, porquê? Existe, no entanto, um conjunto pequeno de bens classificados mas que não pode servir de exemplo do património do concelho, por ser redutor.
A classificação e inventariação do património municipal abrem um novo quadro de ordenamento do território concelhio e levará até á produção bibliográfica sobre esta matéria que é muito limitada.
Há que fazer um esforço para manter a traça original de alguns edifícios e limpar e preservar o espaço urbano das ruinas existentes.
Neste sentido herança municipal pressupõe também história, na qual se transmitem bens arquitectónicos, testemunhos e memórias.
É urgente tomar medidas e decisões, o património desempenha um papel importante na formação da nossa memória colectiva.
Luis Montez

Candidato em 2017