Bombarral que futuro ?

Qualquer que seja a diversidade dos modos de actuação, a gestão autárquica e por sua vez os concelhos devem procurar, cada vez mais, ser competitivos .
A tentativa de resposta ao desenvolvimento de vantagens competitivas sustentáveis tem que assentar no desenvolvimento de uma estratégia global do concelho .
Porém, no concelho do Bombarral, esta não é uma tarefa fácil, dada a necessidade de adaptação à variabilidade que caracteriza o ambiente e o modo em que a autarquia é gerida, sem consensos, e pelo facto de não haver um plano estratégico de desenvolvimento que procure antecipar o futuro .
Seria de todo o interesse a câmara municipal conhecer com razoabilidade variáveis importantes como o ambiente político, económico, social, cultural e tecnológico, os quais não sendo directamente controláveis pela autarquia, deverão ser tidos em conta na formulação e implementação estratégica do desenvolvimento do concelho .
As acções simples para a implementação de uma estratégia do tipo, "o que somos para onde queremos ir ...", ocupa hoje uma posição fulcral para o desenvolvimento autárquico .
Um conjunto de factores de diversas ordens como o desmoronamento do bloco socialista, abre as portas a uma economia de custos controlados, virada para fora e para o desenvolvimento .
Hoje com o encurtamento do ciclo de vida da oferta dos produtos e serviços é necessário criar inovação, e porque como tudo dura menos e tudo o que tem sucesso é copiado mais depressa, só entendemos que existam agentes a criar dificuldades ao progresso e desenvolvimento do Bombarral se for para proteger as suas posições adquiridas .
As únicas barreiras reais à entrada triunfante de novas ideias e desenvolvimento para o concelho do Bombarral não são mais do que demasiada agressividade e falta de eficiência e imaginação .
Os tempos são de mudança a vários níveis . A nível do sector de investimento na qualidade de vida é tempo de passagem de um período de estagnação para um período de aceleração .
Por isso a implementação de medidas que visem deixar uma gestão caótica dos recursos financeiros da autarquia para uma gestão coesa e sólida é obrigatória, não só em parte pela conjuntura nacional mas em parte também devido a uma péssima administração, até porque constata-se pelas contas aprovadas um desgoverno que acabou em descapitalização por completo da autarquia ao longo do tempo .
O concelho do Bombarral não pode, com este tipo de gestão, rotular-se como um concelho com futuro mas sim como um concelho de passado, que não soube preservar os valores incutidos e adquiridos ao longo de gerações . O concelho do Bombarral tem que apostar na permanente inovação, de que são exemplos outros concelhos vizinhos, até há pouco tempo não mais do que aldeias e hoje vilas em pleno desenvolvimento e progresso .
Na nossa opinião, a Câmara Municipal do Bombarral é gerida, com dois grandes erros, por um lado com Etnocentrismo . Ou por outras palavras, as soluções que são boas para o presidente tem que ser boas para os outros, as suas soluções tem que ser aplicadas em todo o lado, as suas soluções são crenças, os outros que o oiçam e aprendam !
Por outro lado com Policentrismo . Que por outras palavras é o oposto do anterior, todas as soluções são relativas e, em Roma há que ser romano . Acima de tudo o presidente sabe que não devia impor pontos de vista mas, se os outros pensam as soluções de outra forma da dele devem ter uma boa razão para isso mas é a razão deles e essa não interessa ao presidente .
A Câmara Municipal quando em plenário precisa de analisar todas as vertentes de qualquer solução e aplicar aquela que reuna o maior consenso . De outra forma quem aplica outro método está sujeito a falhar .
O etnocentrismo injustificado conduz à resistência à fraca cooperação e até mesmo à animosidade . O policentrismo despreocupado destrói a confiança e a fiabilidade que são cruciais para o sucesso de qualquer projecto para o desenvolvimento do concelho do Bombarral .
Para avançar entre os dois erros cruciais que aqui apontamos e atingir uma sinergia produtiva para o desenvolvimento do Bombarral, que todos queremos, deixamos aqui algumas recomendações do que julgamos que deveria ser a gestão de uma autarquia que não tem a maioria e do que seria uma gestão Popular .
1º Diminuir o nível de resistência alargando o conhecimento dos e da gestão dos projectos a todos e não só ao grupo que gere . Goste-se ou não, os projectos que se desenvolvem em ambientes fechados tornam-se dificéis de executar, pelo que é necessário establecer o diálogo produtivo, mesmo que se trate de adversários politicos . Quando os projectos são inovadores e representativos de todos deixam de se tornar num pesadelo e desenvolvem-se como se fossem uma marcha triunfal .
2º Envolver toda a Câmara e os principais interessados nos diferentes processos de gestão, não só com palavras mas com actuações capazes de assegurar a colaboração entre todos os elementos da Câmara e nomeadamente dos funcionários dos vários sectores de modo a que permita a todos os interessados, colaborarem sem medos de indescrições, deixando assim de se gerarem anticorpos e ter-se assim uma equipe dinâmica e motivada .
3º Sensibilizar todos os membros da Câmara para os beneficios de um projecto ou de uma despesa, ouvindo a diversidade de todas as opiniões, pois nenhuma é melhor ou pior do que outra, são apenas diferentes, por isso em vez de as ignorar ou combater o melhór e conhece-las e te-las em consideração e depois aplicar a de maior consenso .
4º Aumentar as responsabilidades e o envolvimento de todos. Antes de iniciar a implementação de qualquer projecto é necessário estar perfeitamente consciente da necessidade de encontrar apoios ao mesmo, por isso devem os gestores estar disponíveis e acessíveis para delegar poderes, sobretudo se envolvermos todas as vertentes políticas da Câmara .
5º Desenvolver acordos de principio formais sobre valores fulcrais que permitam e devam caracterizar o desempenho de cada elemento até ao fim com vista ao desenvolvimento sustentado do Bombarral . Não forçar por isso a adopção de regras desnecessárias mas pelo contrario obter de cada elemento um compromisso pessoal e político de respeito pelos objectivos dos projectos previamente definidos, resolvendo assim as diferenças de opinião e os conflitos por consenso, adoptando assim princípios que não permitam arranjos de cosmética orçamental nem surpresas.
Há numerosas estratégias vencedores de que as Autarquias se podem servir para o desenvolvimento estratégico dos seus concelhos e dos seus munícipes . No entanto, todas devem dormir sobre três dimensões consideradas cruciais ao nível da gestão autárquica : as pessoas, os processos e as ferramentas .
No que diz respeito ás pessoas, devem os responsáveis lutar contra a colonagem de ideias, encorajando a diversidade de ideias de modo a tirar vantagens das mesmas .
Os processos devem incentivar a participação activa de todos os interessados no sucesso do desenvolvimento do concelho, os processos fundamentais são aqueles que dão apoio ás prioridades, reúnem recursos, removem obstáculos e fornecem orientações .
As ferramentas têm que ter a flexibilidade suficiente para se ajustarem ao modo de pensar e agir de cada membro da câmara e aproveitar as reais capacidades de cada um .
Em poucas palavras: os projectos comuns podem ser grandes desafios, mas se forem tidas em atenção todas as opiniões dos representantes políticos dos partidos e movimentos na câmara e na assembleia, eles podem resultar em empreendimentos de desenvolvimento concelhio muito compensadores e exaltantes.

A injustiça, a tortura, a falta de liberdade e a morte .”

Dois dos factos mais importantes para a história de Portugal como foram a atribuição do Prémio Nobel da Paz e a eleição de Portugal como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, foram quase ignorados pela imprensa que perferiu dar maior relevo á vitória do F.C. Porto sobre o Benfica, ás eleições regionais dos Açores e da Madeira, e até ao bombástico caso OliveiraGate, do que ao virar de uma das páginas mais importantes da história de Portugal .
A atribuição do prémio Nobel da Paz a D.Ximenes Belo, Bispo de Dili, e Ramos Horta, representante da resistência timorense no exterior, foi sem margem para dúvida, e no momento politico actual, a maior distinção que o povo de Timor-Leste, que também é português, podia receber e a maior derrota Internacional do ditador Shuarto, da Indonésia .
Não restam margens para dúvidas que a escolha destes dois homens para a atribuição deste Nobelissimo, foi na altura certa, foi feliz e veio na altura em que a Indonésia acreditava que as negociações sobre o processo da autodeterminação do povo de Timor-Leste estavam á beira do esgotamento e a caminho do esquecimento das atenções internacionais .
A determinante coragem de D.Ximenes Belo e os esforços de Ramos Horta, na defesa da autodeterminação do povo Mauber foi pois, recompensada.
Timor-Leste veio de volta para a ribalta internacional e a Indonésia ficou impedida de sem condenação poder massacrar os timorenses . Tal Nobel foi tão importante que até os Estados Unidos vieram desmentir as acusações do partido republicano de que teria ignorado as violações dos direitos humanos na Indonésia e em Timor-Leste em troca de contribuições financeiras para o partido democrata de Bill Cliton, por parte de algumas empresas Indonésias .
O prémio Nobel da Paz é sem dúvida a mais bela homenagem que se fez a um povo, que fala e também é português, que conhece na pele a injustiça, a tortura, a falta de liberdade e a morte .
Que a esperança e o futuro não sejam indiferentes a um entendimento entre Portugal e a Indonésia, a resolução do problema timorense não passa por massacres como o do cemitério de Santa Cruz, imagens ainda hoje bem visivéis no coração e na alma de quem já sofreu e ainda sofre as agruras da ditadura .
Portugal e a sua diplomacia tem hoje mais força para exigir dos países da comunidade europeia um maior empenhamente na exigência á Indonésia para a libertação dos presos politicos, até porque os países da comunidade nunca reconheceram a anexação de Timor-Leste .
O resistente Xanana Gusmão, por certo, sorri hoje de esperança pela libertação e os diplomatas do Vaticano e a Santa Sé não poderão mais ignorar o significado politico desta atribuição do Nobel da Paz a D.Ximenes Belo, num país, a Indonésia, maioritáriamente Muçulmano, onde a Igreja Católica detem os melhores hóspitais e os melhores estabelecimentos de ensino .
Mas não é só Timor que precisa de Portugal, e a recente eleição de Portugal como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, é a prova evidente de que os vários problemas existentes nos países de lingua oficial portuguesa não podem nem devem ser resolvidos sem a presença de Portugal, já estávamos no terreno, em Angola e Moçambique, agora estamos no centro das decisões.
É pois, esta eleição, uma vitória da diplomacia portuguesa, que conseguio derrotar e obter mais votos do que a sua concorrente directa, apoiante da Indonésia, a Austrália .
A apoiar-nos na nossa eleição tiveram voto decisivo países de África, da América Latina e da Liga Árabe, talvez os que mais precisam de nós . Como antiga força colonial que fomos, compreendemos melhor os problemas existentes em África do que os outros, e como país colonial que já não somos, tanto mais teremos a dizer nesta fase crucial da operação de manutenção da Paz em Angola .
Portugal mais uma vez está de parabéns