março 01, 2007

Grandes Portugueses

Dr. António de Oliveira Salazar - 1889/1970
Este foi sem margem de duvida UM GRANDE PORTUGUÊS

Dirigiu os destinos do País durante quatro décadas. Foi ministro das Finanças, presidente do Conselho de Ministros, fundador e chefe do partido União Nacional. Afastou todos os que tentaram destituí-lo do cargo. Instituiu a censura e a polícia política. Criou dois movimentos paramilitares: a Legião e a Mocidade Portuguesas. Mas equilibrou as finanças públicas, criou as condições para o desenvolvimento económico, mesmo que controlado, e conseguiu que Portugal não fosse envolvido na II Guerra Mundial. Manteve a separação entre o Estado e a Igreja. Figura controversa, marcou sem dúvida a história do País.

“Sei muito bem o que quero e para onde vou”, disse António de Oliveira de Salazar na tomada de posse da pasta das Finanças, em 1928. E durante quase 40 anos assim foi. “Primeiro-ministro, a que uns chamarão déspota esclarecido e outros iluminado. Governou em nome do povo, substituindo-se a ele e invocando a Nação.” Salazar nasceu no dia 28 de Abril de 1889. Para os pais, um casal de agricultores de Santa Comba Dão, era a resposta às suas preces. Maria do Resgate, de 44 anos, dera à luz quatro filhas e já quase perdera as esperanças de deixar no mundo um filho varão. Tratado quase como um milagre, teve direito a aulas particulares até à entrada no seminário diocesano de Viseu, em 1900. A sua inteligência e vontade de aprender deram frutos: obteve a equivalência do liceu com 19 valores e decidiu-se pelo curso de Direito, em Coimbra. Na cidade dos estudantes fez uma das suas poucas amizades, que manteve ao longo da vida - o padre Manuel Cerejeira, futuro cardeal. “São duas pessoas muito curiosas do seu tempo, Salazar e Cerejeira foram marcados pelo catolicismo e pela política católica, a chamada democracia cristã.” Durante este período, Salazar liga-se à ala católica, anti-republicana. Faz parte do Centro Académico da Democracia Cristã e escreve artigos de opinião em jornais ligados à Igreja. É, assim, com naturalidade, que concorre por Guimarães como deputado ao Parlamento. Demora-se no cargo apenas três dias. Desiste e regressa a Coimbra. Salazar regressa à sede do poder em 1926. A crise económica, entretanto instalada, e a instabilidade política da I República tinham levado ao golpe militar de 28 de Maio. Professor de Coimbra, muito considerado, recebe a pasta das Finanças. Desta vez, demora-se mais tempo no cargo: 13 dias. Por não ver satisfeitas as condições que impusera como indispensáveis, demite-se. Sabe que, mais cedo ou mais tarde, precisarão dele. Menos de dois anos depois, o convite é repetido. Exige em contrapartida o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Entre 1928 e 1929 consegue um superavit nas finanças públicas. Aquele que se afirmava como um não-político, iniciava uma carreira meteórica. “Salazar tinha aquela concepção de que há uma elite política, que é a do regime, que está toda reunida num partido único, a União Nacional, e Salazar, que é um ditador. Depois, há todas as outras pessoas, que deviam deixar-se governar. Evidentemente, é a tal história: manda quem pode, obedece quem deve. E, para isso, não se faz política”. Em 1930, como alternativa à ditadura militar, imposta em 1926, e às sucessivas revoltas da oposição democrática, Salazar funda o partido União Nacional. Prepara-se para tomar o poder. Este seria o denominador comum de todos quantos quisessem servir a pátria. “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”, dizia. Político exímio, o ministro das Finanças da ditadura militar consegue afastar os sucessivos presidentes do conselho de ministros militares nomeados. Acaba por assumir o governo do País em Abril de 1932. No ano seguinte, faz ratificar uma nova Constituição, apesar de uma abstenção de 40% (considerados votos a favor). O seu poder pessoal passa a assentar em bases sólidas. Cria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), uma polícia política. Proíbe as oposições e impõe, com o partido único, um regime totalitário. Chama a si o despacho directo dos pelouros sensíveis, onde se inclui a propaganda e a censura. “Só para dar alguns exemplos, não havia suicídios em Portugal, porque a censura censurava os suicídios. Não havia conflitos sociais, porque a censura censurava os conflitos. Enfim, ele tentou criar a imagem de uma sociedade perfeita”. A vontade de mudança surge com o fim da II Guerra Mundial, em 1945 e 1949, com a criação do Movimento de Unidade Democrática (MUD), mas sobretudo em 1958, nas eleições presidenciais. O general Humberto Delgado - que fora seu activo colaborador - congrega à sua volta a oposição e provoca uma onda anti-salazarista. O chefe do Conselho de Ministros defende-se, reforçando a acção repressiva. Altera a Constituição e torna a eleição presidencial dependente de um colégio eleitoral da confiança do regime. Com a perda da Índia Portuguesa, em 1962, e o início da guerra em África, no ano anterior, Salazar já não tem a mesma confiança no povo português. Em conversa com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Franco Nogueira, desculpa-se: “Se em lugar de governarmos este país, governássemos outro, conseguia-se mais. Neste, a gente puxa mas, como não dá, temos a tendência para nos nivelarmos à massa.” “O essencial do seu pensamento é este”: “A ideia do equilíbrio económico-financeiro e da autoridade que deve controlar a liberdade. A ideia de um Portugal projectado no mundo através de um império, e não integrado na Europa. A ideia de um país que vivesse de forma comedida, sem excessos de riqueza, luxo ou ambição. Portanto, governou Portugal à sua medida.” Em 1968 a guerra em África matava os mesmos homens - e os seus filhos - que Salazar dizia ter salvado do conflito da II Guerra Mundial. A opinião pública já não o favorecia. Mas permaneceu no cargo. Até cair de uma cadeira. O que parecia não ter deixado mazelas transformou-se num hematoma craniano. Operado com urgência, volta a sofrer um acidente cardiovascular. É declarado incapaz e acaba exonerado do cargo. No entanto, morre sem o saber. Corria o ano de 1970. Com a sua morte, morre um regime que viveu da sua imagem. Mais de 40 anos passados, a polémica ainda está instalada: foi o salvador da pátria ou um ditador? “Como os fenómenos culturais são lentos a mudar, há uma certa inércia que fica na cabeça das pessoas. Essa inércia diz o seguinte: foi um tempo em que não havia democracia, nem liberdade, mas havia estabilidade, autoridade e um viver modestamente, mas em equilíbrio económico e financeiro”. “E essa ideia que ficou tem o seu lastro que, de quando em vez, vem ao de cima, porque 40 anos são muito na história de um povo.” (in os grandes portugueses)

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