agosto 07, 2012

Quando gostamos de alguém

Pois bem, se me permitem, vou arregaçar as mangas. O que é díficil – dizem – é saber quando gostam de nós. E, quando afirmam isto, bebo logo dois dry martinis para a tosse. Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem:  ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho, nem: ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada, nem: ai que não vi a tua chamada não atendida.

Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.

Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente.
Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro para nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campaínha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso.
 
Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a cara amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais ou os filhos, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, nem a distância, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós.

Sem comentários:

Enviar um comentário