Há alguns anos que não estava com ele.
Morreu na sexta-feira o Zé da Guiné, o Zé foi o noctívago
mais marcante da vida nocturna e cultural de Lisboa nos anos 1980 e com ele a
minha geração. Morreu durante a noite, aos 54 anos.
O Zé da Guiné era um artista que
criou ambientes e alterou mentalidades nocturnas. O Zé abriu caminhos a
diversões, numa noite de Lisboa que nos anos setenta era fechada, triste e quase
clandestina antes do Zé da Guiné e do próprio Manuel Reis, do Frágil e do Lux.
Contra todos os pessimistas
estes dois artistas da noite conseguiram abri-la e alegrá-la trazendo-a até aos
dias de hoje.
Natural da Guiné-Bissau chegou
a Lisboa nos anos 70, depois do 25 de Abril, como eu, o Zé foi um dos primeiros
a aventurar-se numa zona de prostitutas e de má fama o Bairro Alto, abriu o Souk,
mais tarde o Rock House, que foi depois Juke Box, assumindo várias funções,
entre elas a de porteiro.
Com a morte do Zé da
Guiné morre a noite de uma geração que veio de Africa e alimentou a noite
lisboeta durante duas décadas como ninguém.
O Zé era conhecido de todos, desde
clientes a artistas e músicos. Diria mesmo que o Zé foi um símbolo da noite de
Lisboa. Era um apaixonado que deixou as suas marcas nas Noites Longas, em
Santos, no local onde veio depois a ser instalado o B. Leza e que hoje está
fechado, a sua reabertura seria a maior homenagem ao Zé da Guiné. Descansa em
paz.
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