O autarca saiu de casa muito apressado.
Foi essa a máscara que afivelou nesse dia. Estava-lhe bem.
Guardou o telemóvel no bolso largo do fato, aquele que tinha mandado fazer para que nele coubesse bem visível. Tinha que mostrar a toda a gente a sua importância e a pressa que esta lhe causava. Tinha que mostrar o muito que tinha que fazer. Era para poder espantar as vozes que diziam do seu demasiado paleio - e as poucas obras.
Passava logo de manhã rapidamente pelo gabinete e nada dizia com a pressa que logo ficcionava.
Nada podia ser feito porque ele não sabia o que fazer.
Tudo lhe era indiferente, menos o ordenado chorudo que lhe nascia em cada dia 25 de cada mês.
As suas habilidades eram poucas mas a biblioteca que não lia, os livros e artigos que não escrevia, por uma excessiva actividade que proclamava, atestavam a sua alta qualidade de autarca chefe.
Foi assim que chegou ao gabinete. Olhou para a secretária que esperava ordens e disse que lhas daria mais tarde. Tinha que observar uns documentos mas eram uma seca, como eram as aulas de uns professores que o ensinavam a lê-los. Eles nunca os ouviu. Mas era autarca. Da mula russa, mas autarca.
É tão chato pensar. Que aborrecido.
Mas logo pôs um ar pensativo, a sua máscara dos dias solenes. Sabe que lhe fica bem. Treinou tudo ao espelho com afinco. Fê-lo durante dias. Valeu a pena. Viu logo que sim. Toda a gente espera as suas decisões.
Mas isto nada resolve já que ele nunca aprendeu nada que desse para pensar.Mas ele nada. Pensou: Raios parta esta vida.
Mas logo viu que tudo ia correr bem e só porque tinha um padrinho poderoso.Os outros teriam que o aturar. Sorriu e desatou a rir. Gritou com arrogância: Aturem-me.
Afivelou a máscara de menino traquina, aquele que não ouvia os professores nas aulas, mas só porque já sabia tudo. Dizia a mamã, toda bem. Contudo não era verdade.
Logo pensou como é bom gozar com quem sabe e logo agora que não sei o que fazer.
Disse então à secretária que lesse os documentos e que fizesse o seu resumo exaustivo. Só então reparou que ela só estava ali, mas só, porque ele a tinha achado jeitosa no dia da entrevista. Ela tinha posto a máscara de mulher fatal - recordou com prazer.Foi o que ele preferiu à máscara das outras que se apresentaram parvamente com a de secretárias eficientes. Mas agora precisava delas.
Não precisava desta parva insonsa, que se sentava com o seu olhar deveras engraçado à sua frente, agora muito a despropósito, esperando que ele resolvesse os problemas dos fornecedores e dos clientes.
Não se atrapalhou, enfiou a máscara de desenrascado.
Fale com o advogado. É para isso que lhe pagamos. E a parva logo disse: Ele telefonou a pedir que assinasse o cheque. Ora diga-lhe que eu não tenho tempo. Disse, retomando a máscara de apressado.
Já agora preencha o cheque. Disse, tentando ser simpático. Eu assino já - acrescentou. Ela disse logo:
Tenho que ir ao cabeleireiro, não tenho tempo - disse ela com o seu apressado. Era o que em boa hora tinha aprendido com o autarca. De resto, ele só ensinava isto.Era a sua máscara preferida. Era preferível à do autarca que nem ata nem desata. Sabia . Ele derreteu-se logo a pensar como ela ficaria bonita. Pensou em levá-la à discoteca.
Ao menos serviria para alguma coisa. Afinal era Carnaval e a vida são dois dias. Convidou também o advogado para ir à discoteca, entregar-lhe-ia lá o cheque. Ele precisa dele. Tem uns problemas por aí com uns clientes, os que reclamaram acerca dos produtos. O telemóvel não pára de tocar quando almoça ou janta. Que chatos. Tem que os acalmar com o advogado.
Tristezas. Estes gajos não percebem que ele tem pressa. Nada de aflições. Afivelou a máscara da calma. Afinal tinha recebido um novo subsídio. Afinal, tudo, o que de mal se tinha passado, está assim resolvido. O seu padrinho tinha resolvido tudo. É para isso que serve o poder.
Para mascarar as incompetências. Não é?
Foi essa a máscara que afivelou nesse dia. Estava-lhe bem.
Guardou o telemóvel no bolso largo do fato, aquele que tinha mandado fazer para que nele coubesse bem visível. Tinha que mostrar a toda a gente a sua importância e a pressa que esta lhe causava. Tinha que mostrar o muito que tinha que fazer. Era para poder espantar as vozes que diziam do seu demasiado paleio - e as poucas obras.
Passava logo de manhã rapidamente pelo gabinete e nada dizia com a pressa que logo ficcionava.
Nada podia ser feito porque ele não sabia o que fazer.
Tudo lhe era indiferente, menos o ordenado chorudo que lhe nascia em cada dia 25 de cada mês.
As suas habilidades eram poucas mas a biblioteca que não lia, os livros e artigos que não escrevia, por uma excessiva actividade que proclamava, atestavam a sua alta qualidade de autarca chefe.
Foi assim que chegou ao gabinete. Olhou para a secretária que esperava ordens e disse que lhas daria mais tarde. Tinha que observar uns documentos mas eram uma seca, como eram as aulas de uns professores que o ensinavam a lê-los. Eles nunca os ouviu. Mas era autarca. Da mula russa, mas autarca.
É tão chato pensar. Que aborrecido.
Mas logo pôs um ar pensativo, a sua máscara dos dias solenes. Sabe que lhe fica bem. Treinou tudo ao espelho com afinco. Fê-lo durante dias. Valeu a pena. Viu logo que sim. Toda a gente espera as suas decisões.
Mas isto nada resolve já que ele nunca aprendeu nada que desse para pensar.Mas ele nada. Pensou: Raios parta esta vida.
Mas logo viu que tudo ia correr bem e só porque tinha um padrinho poderoso.Os outros teriam que o aturar. Sorriu e desatou a rir. Gritou com arrogância: Aturem-me.
Afivelou a máscara de menino traquina, aquele que não ouvia os professores nas aulas, mas só porque já sabia tudo. Dizia a mamã, toda bem. Contudo não era verdade.
Logo pensou como é bom gozar com quem sabe e logo agora que não sei o que fazer.
Disse então à secretária que lesse os documentos e que fizesse o seu resumo exaustivo. Só então reparou que ela só estava ali, mas só, porque ele a tinha achado jeitosa no dia da entrevista. Ela tinha posto a máscara de mulher fatal - recordou com prazer.Foi o que ele preferiu à máscara das outras que se apresentaram parvamente com a de secretárias eficientes. Mas agora precisava delas.
Não precisava desta parva insonsa, que se sentava com o seu olhar deveras engraçado à sua frente, agora muito a despropósito, esperando que ele resolvesse os problemas dos fornecedores e dos clientes.
Não se atrapalhou, enfiou a máscara de desenrascado.
Fale com o advogado. É para isso que lhe pagamos. E a parva logo disse: Ele telefonou a pedir que assinasse o cheque. Ora diga-lhe que eu não tenho tempo. Disse, retomando a máscara de apressado.
Já agora preencha o cheque. Disse, tentando ser simpático. Eu assino já - acrescentou. Ela disse logo:
Tenho que ir ao cabeleireiro, não tenho tempo - disse ela com o seu apressado. Era o que em boa hora tinha aprendido com o autarca. De resto, ele só ensinava isto.Era a sua máscara preferida. Era preferível à do autarca que nem ata nem desata. Sabia . Ele derreteu-se logo a pensar como ela ficaria bonita. Pensou em levá-la à discoteca.
Ao menos serviria para alguma coisa. Afinal era Carnaval e a vida são dois dias. Convidou também o advogado para ir à discoteca, entregar-lhe-ia lá o cheque. Ele precisa dele. Tem uns problemas por aí com uns clientes, os que reclamaram acerca dos produtos. O telemóvel não pára de tocar quando almoça ou janta. Que chatos. Tem que os acalmar com o advogado.
Tristezas. Estes gajos não percebem que ele tem pressa. Nada de aflições. Afivelou a máscara da calma. Afinal tinha recebido um novo subsídio. Afinal, tudo, o que de mal se tinha passado, está assim resolvido. O seu padrinho tinha resolvido tudo. É para isso que serve o poder.
Para mascarar as incompetências. Não é?
Sem comentários:
Enviar um comentário