Bem a propósito da inevitável “silly season” do Sport Clube Escolar Bombarralense à qual é impossível escapar, tropecei numa página da última edição deste jornal onde se anunciava a exposição pública das contas das actividades culturais, aliás á meses pedidas por diversos associados. Porém ainda não as vi porque não foram afixadas.
Um clube de utilidade pública como o Sport Clube Escolar Bombarralense é obrigado a prestar contas, aos sócios, às entidades previstas na lei e diz o bom senso ao público em geral, contendo o máximo de informação possível e cumprindo os estatutos que obrigam qualquer direcção a fixar publicamente a conta corrente mensalmente.
Os estatutos não podem servir unicamente para aplicar quando interessa aos valores instalados ou quando algum sócio se quer candidatar e não o pode fazer porque não cumpriu o período de nojo previsto nos mesmos, é necessário e credível cumprir sempre com os estatutos.
Os estatutos do SCEB são violados e manietados pelas necessidades de cada director ou órgão social, e a violação dos estatutos parece-nos que já passou a ser lei. Todos sabemos que há sócios que só se fizeram sócios depois de eleitos e há sócios, dirigentes, que endividam o SCEB, através dos bancos sem que alguma vez tenham solicitado á respectiva Assembleia Geral a autorização estatutária para isso.
Eu próprio, no decorrer da semana passada, fiz presente ao Sr. Presidente da mesa, aliás também Presidente da câmara, uma proposta de alteração dos estatutos do SCEB, proposta essa que acreditamos estar e vir de encontro às necessidades estatutárias de que o clube carece. Os actuais estatutos estão desfasados da realidade desportiva e da realidade de gestão empresarial necessária para tirar o clube da situação caótica em que se encontra e em que se afunda mais com o passar do actual mandato.
Tenho, ultimamente, escrito algumas linhas sobre o SCEB mas, também tenho em conversas, alertado para as situações menos esclarecidas que só servem aqueles que querem esconder a incompetência de actos anteriormente realizados.
Dediquei-me com afinco à análise de diversos conteúdos que giram á volta do SCEB e tirei várias conclusões. Os actuais corpos “dirigentes” para além de não apresentarem as contas do mandato da direcção anterior, já ultrapassaram, eles mesmos, todos os prazos para apresentarem em Assembleia o seu plano de actividades e orçamento, conforme está previsto nos “tais” estatutos.
Isto dá força á ideia, que tenho defendido desde inicio, que a actual direcção quando se candidatou, através de uma lista feita á pressa como todos sabemos, não tinha qualquer projecto para o clube nem tem qualquer plano de actividades e orçamento para a época, vamos por isso continuar a ver gerir o clube ao sabor do vento e indo de encontro às necessidades instaladas. (Desculpem se me engano, mas esta é a realidade do momento.)
A saber também, está o ambiente vivido em torno do inicio da época do futebol juvenil, onde vários pais levaram os filhos a trocar de clube por não acreditarem em quem o dirige. O que já levou a direcção a pedir á velha guarda que o dirija, o que para já não sabemos mas parece-nos que não foi aceite, a proposta.
Situações destas só acontecem e serão frequentes durante a época porque quando se avança sem projecto e sem pessoas para os cargos não se pode querer que os problemas sejam resolvidos.
Disse-o e assim farei, quer os que estão comigo quer eu próprio não sou nem seremos uma força destabilizadora ou um entrave ao que de bom se possa realizar no Bombarralense.
Lamento que ao fim de 100 anos este clube ainda não seja dirigido com fins desportivos, sociais e económicos bem definidos e que não haja a visão e o engenho para aproximar os sócios e o tecido empresarial do Bombarral em volta de um projecto que promova o Sport Clube Escolar Bombarralense e por consequência o concelho do Bombarral.
O SCEB tem a 2ª melhor sala de espectáculos do concelho.
Porventura também de entre todas as outras a mais suja do concelho, onde atletas jovens convivem diariamente, com o lixo que se vai acumulando nuns balneários que o deixaram de ser para mais parecerem uma lixeira, onde sócios mais idosos convivem numa sala onde se acumula o lixo, o verdete e sofás bolorentos e rasgados, uma sala onde por cada canto, ou atrás de cada porta existe uma cadeira ou uma mesa partida e amontoada, uma sala que não vê água nem cera á “séculos”.
A sede do Bombarralense precisa de manutenção, urgente, chove na sala onde se pratica desporto, chove dentro dos quadros eléctricos, chove por todo o lado, por baixo e por cima… E não vejo nem as direcções nem as modalidades instaladas a fazerem o que quer que seja para inverter este cenário.
É mais fácil, as direcções dizerem que não há dinheiro e que por isso não nada se pode fazer, no SCEB como no País é mais fácil pôr a culpa em outrem pelos nossos erros e problemas do que assumir a nossa inabilidade para os resolver. Estas situações só serão revertidas quando, como no passado, os dirigentes o forem porque acreditam numa causa e porque tem um projecto. Pode ser pequeno e modesto mas sem ele nada acontece.
Conheço a realidade do SCEB e o modo de pensar de cada dirigente/seccionista que acaba sempre na “mesma conversa”: o dinheiro que entra no clube é só para o futebol mas, esquecem-se dos milhares de euros que entram para as secções que nada fazem para melhorar as condições da sala/sede que utilizam.
Tenho dito e afirmo que existem vários clubes dentro do clube e essa é uma verdade inegável, pelo que nunca percebi porque é que desde a direcção de 94/95 as modalidades que utilizam a sede deixaram de comparticipar nas despesas da luz, da água e da limpeza da sede. Nesse mandato de 94/95 para além da modalidade de ciclo-turismo, iniciaram-se também e evoluíam na sede as modalidades de patinagem, hóquei em patins, bilhar e ballet para além das outras já existentes como a ginástica e o ténis de mesa e os torneios de futebol de salão, todas elas participavam nas despesas de forma para que gestão e a limpeza do espaço fosse feita indo de encontro às necessidades de cada modalidade e para que a sede tivesse os funcionários necessários para que sócio ou não, tivesse o apoio que necessitava, aliás situação que agora parece-me que não acontece, e digo-o porque eu próprio durante estes últimos quinze dias fui á sede por quatro vezes para tratar de um assunto de secretaria e com muito azar meu nunca encontrei a mesma aberta no horário fixado.
È importante refundar o Sport Clube Escolar Bombarralense e este era o ano ideal para o fazer, o ano 100.
O clube necessita de organizar uma grande Assembleia magna, quiçá um Congresso que junte sócios, atletas e dirigentes, actuais e antigos mesmo que não sócios, para que todos em conjunto com as entidades desportivas e culturais e até com os cidadãos interessados no associativismo possa ser discutida a utilidade do SCEB e para que sejam encontradas soluções e linhas de orientação que permitam que o Bombarralense cumpra o seu papel de utilidade pública.
Aprendi ao longo dos meus 52 anos que devemos sempre tentar beber onde o “vinho” é bom, assim copiar os bons exemplos não tem mal nenhum e temos pelo país os mais diversos exemplos de trabalho associativo e público com frutos para a população onde estão inseridos. E não é esse o estatuto de utilidade pública?
Mas, infelizmente há muitos dirigentes e entidades locais que ainda não compreenderam o que é esse estatuto nem o querem compreender e aceitar.
Nesta terra onde habitamos, uns por nascimento outros por opção, é tempo de deixar o medo do protagonismo dos outros em detrimento do nosso. Um clube bem gerido e cumpridor da sua utilidade pública é um clube que serve os seus associados e a população em geral e que pode substituir as entidades oficiais em actos para que não estão preparadas, recebendo dai as contrapartidas necessárias.
Este é o clube que protagonizamos hoje e, quem sabe, numa próxima candidatura.
Vamos, “tal patetas”, mais uma vez e desta vez em ano de centenário e com uma comissão composta de “ilustres” bombarralense, realizar um almoço ou um jantar de aniversário sem que se tenha durante o ano feito qualquer evento ou evocação destes 100 anos, num clube que até tem a única Taça de Portugal, atribuída em ciclismo, é muito pouco, diria mesmo não é nada porque aniversário faz-se todos os anos, agora 100 anos só se faz uma vez, e este ano somos nós e Vitória Futebol Clube, mais conhecido por Vitória de Setúbal.
Nos antípodas do desinibido tom crítico mas não destrutivo que utilizo, reavivou-se-me a memória da velha máxima nacional que diz que: "Desgraça de pote é caminho de riacho."
Caros Senhores Directores: tenho a dizer-lhes que por este caminho e no meio de tanto mercantilismo, os senhores não perseguem um ideal, o melhor seria procurar uma viúva sem dificuldades financeiras, ou então apresentarem um plano de actividades que congregue os sócios de forma para que o clube não caia numa situação ainda mais insustentável, mesmo antes de faltar o dinheiro para o tão “culpado” futebol sénior.
Nota: “Silly Season” tradução á letra: “Temporada boba”
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