julho 19, 2007

Ignorância ou talvez não.

Editado por uma empresa de Vila Nova de Famalicão, com “ O ALTO PATROCINIO da Câmara Municipal de Bombarral”. Sic, foi posto recentemente a circular um intitulado guia ou “roteiro turístico cultural do concelho do Bombarral”.
No seu interior são feitos rasgados agradecimentos ao sr. presidente da câmara municipal e ao executivo do Bombarral mas, e em especial ao chefe de gabinete do sr. presidente
Também nos é dada a informação, neste roteiro, da forma empenhada com que ambos colaboraram na execução deste guia. (ponto final)

Um roteiro desta natureza deve ser supervisionado, deve conter informação detalhada e de utilidade para quem o visita, não deve ser omisso e deve ter informação correcta.
Ora este roteiro inicia-se por nos informar na localização do Bombarral que o concelho tem cerca de 91,7 Km2, para mais á frente nos dizer que o concelho tem 90,44 Km2 .

Numa leitura mais atenta verificamos, aliás como no próprio site do Município,
http://www.bombarral.oestedigital.pt/Home/Home.aspx que muita da informação relevante sobre o património arquitectónico e histórico deste concelho e de cada uma das freguesias é pura e simplesmente ignorado e esquecido, senão vejamos, começando, logo, pela freguesia do Vale Côvo, ALIÁS, de que o chefe de gabinete do presidente da câmara também é presidente, ONDE ESTÁ a:
Capela de Nossa Senhora dos Aflitos – Edificada em 1850, e onde se encontra no seu interior a imagem de Santo Antão, padroeiro da localidade

Já no que diz respeito á freguesia do Bombarral, acreditamos que o presidente da mesma o nosso amigo José Manuel Vieira, não deve ter tido conhecimento deste roteiro, pois caso contrário teria efectuado as devidas correcções quanto á sua freguesia mas mesmo assim estão em falta:
Teatro Eduardo Brasão - o Teatro Eduardo Brasão é um exemplo arquitectónico representativo dos teatros clássicos italianos. Na sua inauguração, a 27 de Fevereiro de 1921, contou com a presença do actor Eduardo Brasão.– Classificado de interesse público.
Capela de Santo António – é uma capela particular no interior da Quinta da Granja, data de 1658, o seu interior é revestido azulejos azul e amarelo e na sacristia há duas pinturas de grandes dimensões representando uma Jesus a caminho do Calvário e outra da Crucificação.
Capela de Nossa Senhora da Purificação – em Famões, não se conhece ao certo a data da sua edificação, mas documentos existentes apontam para cerca de 1940, esta capela pertence ao Povo e não depende da diocese. A imagem da padroeira é em pedra e na sacristia existe uma imagem de Santo António em madeira.

Passando para a freguesia da Roliça ai foram ignorados ou esquecidos para além das Grutas pré históricas existentes no Vale do Roto a:
Ermida de Nossa Senhora da Oliveira – na Azumbujeira dos Carros, que é uma construção datada de 1742, que possui duas esculturas do séc. XVIII uma de N.S.ª da Conceição em barro e outra da Padroeira em madeira
Ermida de São Martinho – na Delgada, construção do séc. XVII com escultura do patrono em pedra da mesma época e pia de água benta datada de 1587.
Capela do Arcanjo São Miguel – nos Baraçais, que se pensa que foi edificada cerca de 1712, o padroeiro está representado por uma escultura em madeira do séc. XVIII, na mesma há varias imagens datadas do séc. XVI e XVII.
Capela de Nossa Senhora da Esperança – em São Mamede, é pertença da Quinta da Freiria, datada do séc. XVI, encontra-se fora de culto, nela existem lindos painéis de azulejos representado um S. João menino e um Santo António.
Ermida de São Mamede –também em São Mamede, é um templo rural que se supõe de cerca de 1758, séc. XVIII e deste século é o retábulo de altar em talha e onde num nicho se encontra a imagem do orago.
Capela da Sagrada Família – lá em cima na Boavista, é um templo recente datado de 1955, com imagem numa mísula por sobre o altar.
Ainda, o Memorial ao Campo de Batalha da Roliça – no Picoto, este monumento do século XIX evoca o primeiro combate da Guerra Peninsular, entre o exército anglo-luso, comandado por Wellesley, e o exército napoleónico, comandado por Delaborde. O combate, conhecido como a Batalha da Roliça, provocou diversas mortes, entre as quais, a do Tenente Coronel Lake, aqui homenageado. E o Memorial ao Tenente Coronel Lake – dedicado á Memória do h. Tenente Coronel G.A.F. Lake do regimento de infantaria num. 29 que faleceu na frente do seu regimento acometendo o inimigo nas alturas de Columbeira no dia 17 de Agosto de 1808. Foi eregido este monumento pelos seus camaradas oficiais em lembrança da sua amisade. Restaurado pelos oficiais Reg. 29 1.º Bat. Worcestershire em 1903. (escrito conforme consta no memorial). Finalizando nesta freguesia com a falta dos Castros de S. Mamede – em São Mamede, situado perto da aldeia, este Castro apresenta vestígios de ocupação pré-histórica. Mas numa exploração intensiva que revolveu grandes áreas foi encontrado espólio da Idade do Bronze, e onde parte dos vestígios encontrados, são peças da Idade do Bronze e do Cobre, que estão no Museu Municipal do Bombarral mas a grande maioria dos achados encontra-se no Museu Nacional de Arqueologia, e da Columbeira – descoberto em 1963, é uma fortificação pré-histórica da Idade do Cobre. É constituído por muralhas e torres de defesa e do seu espólio fazem parte diversos objectos de bronze, várias pontas de seta e fragmentos de cerâmica.

Se formos á freguesia do Carvalhal, muito rica em monumentos históricos, verificamos que para além de trocarem o nome á Igreja de São Pedro de Finisterra – no Sr. Jesus do Carvalhal, cuja origem deste Santuário remonta ao século XV, altura em que existia no mesmo local uma ermida primitiva cujo orago era S. Pedro. À sua origem está relacionada a lenda sobre o aparecimento da imagem de Cristo Crucificado. Com o terramoto de 1755, a ermida ruiu. Registos posteriores, datados de 1762, dão conta de haver no mesmo local uma igreja dedicada ao Bom Jesus e São Pedro – também ignoraram pura e simplesmente as:
Capela de Sant’ana – no Sobral do Parelhão, de que se ignora a data da fundação mas julga-se ser por volta de 1712, a imagem da padroeira encontra-se num nicho do altar juntamente com um antigo lampadário.
Capela de Nossa Senhora dos Prazeres – no Barrocalvo, fundada antes de 1747, a imagem da padroeira com o Menino ao colo, do séc. XV, é um “ seixo” e está numa mísula sobre o altar.
Capela de São Roque – em A dos Ruivos, que pensa-se seja datada de 1751, possuindo uma escultura em pedra quinhentista representando S. Gregório Magno.
Capela de São João Baptista – no Salgueiro, de que também se ignora a data da fundação mas julga-se ser por volta de 1712, existem no seu interior três pias de água benta e várias cantarias que parecem ter sido guarda óleos.
Igreja de Santo António – no Sanguinhal, já construída no século XIX, anexa á capela mor do templo anterior, com o mesmo orago e que se transformou em capela tumular da família Romeiro Fonseca.

Acabamos o nosso passeio pela ignorância deste “roteiro” na freguesia do Pó e na sua Ponte Medieval - construída no século XIV, que apresenta um arco com cerca de um metro e meio de largura. E que se crê que terá sido utilizada por Fernão Pó, célebre navegador do século XVII.

Este "roteiro" é mais uma tentativa, errada, de apresentar serviço mas, um serviço mau pela sua qualidade de informação e principalmente pela sua quantidade de ignorância.
Resta-nos aguardar, que para além desta falta de qualidade não tenha havido nenhuma quantidade em qualquer bolso.

1 comentário:

  1. Com mil diabos, os homens coitados não podem saber tudo...aliás são assim os políticos do nosso País..Ignorantes até dizer "basta", prepotentes, incultos (não é o mesmo que ignorantes...) e, sobretudo, muito arrogantes...
    Mas está certo, vivem nesta terra à beira mar plantada !

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